Passeio pelo Centro Histórico do Rio de Janeiro

O centro histórico do Rio de Janeiro é contornado por vias e construções centenárias que ilustram trechos importantes da história do Brasil do período imperial até a república. É nnesta região que ocorreu no século 19 a reurbanização da cidade e que deu um certo “glamour francês” ao Rio.

Confira abaixo o roteiro que eu fiz. A lista das atrações está na ordem em que visitei.

>> Cinelândia

Nossa visita começou na Praça Marechal Floriano Peixoto (Cinelândia), onde nossa guia - a Ludmila - nos contextualizou sobre a transformação que a área central da cidade passou em 1900. Na ocasião, o Prefeito Perreira Passos, foi o responsável pela grande reforma urbana do Rio de Janeiro, mudando severamente o aspecto do centro da cidade. Para a construção dos imponentes prédios que abrigariam o Theatro e Museus e uma larga avenida que ligaria o porto ao centro da cidade, foram desapropriadas centenas de pequenos imóveis, em sua grande maioria, hospedarias. Com a desapropriação, os proprietários ressarcidos popularam a Zona Sul da cidade e seus inquilinos e os trabalhadores ambulantes, para manter-se próximo ao centro, iniciaram a primeira favela do Rio, localizada atrás da Central do Brasil, não muito distante dali.

Theatro Municipal

Nesta época iniciou-se uma concorrência pública para o projeto arquitetônico do Theatro, sendo escolhidos o engenheiro (e filho do prefeito) Francisco de Oliveira Passos e o arquiteto francês Albert Guilbert. Inaugurado em 1909, seu projeto foi inspirado na Ópera de Paris.

Destaque para a imponente águia de 350kg que enfeita o topo da construção, que recebeu 8 mil folhas de ouro 23 quilates.

Uma curiosidade: o Theatro foi construído sobre 1180 estacas de madeira de lei já que ele está sobre um lençol freático. Periodicamente a Defesa Civil faz a drenagem da água para minimizar os riscos à fundação do edifício.

Não há visitação livre ao teatro, portanto só é possível conhecê-lo durante a apresentação de um espetáculo ou através de visitas guiadas, que devem ser agendadas previamente através do site oficial do Theatro Municipal. Programe-se!

Museu de Belas Artes

O Museu de Belas Artes do Rio fica em um prédio tombado pelo Patrimônio Histórico desde 1973. O Museu é a instituição que concentra a maior e mais completa coleção de arte brasileira do século XIX e, possui um acervo de 70 mil itens entre pinturas, gravuras, desenhos, esculturas, objetos, livros e documentos.

Infelizmente no momento o Museu está fechado para restauração. Verifique no site oficial do Museu sobre sua reabertura.

Biblioteca Nacional

A Biblioteca Nacional do Brasil, considerada pela UNESCO uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo, é também a maior biblioteca da América Latina.

Temendo a invasão de Napoleão Bonaparte ao território Português, o príncipe regente Dom João VI tomou a decisão de partir rumo ao Brasil e trouxe com ele cerca de 60 mil obras, incluindo manuscritos, mapas, medalhas e moedas entre outras peças.

O atual prédio da biblioteca foi inaugurado em 1910 e possui estilo arquitetônico eclético com elementos neoclássicos e Art Nouveau.

As visitas (grátis) acontecem de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. Para as visitas guiadas, deve-se fazer o agendamento com antecedência de 48h.

Palácio Pedro Ernesto (Câmara dos Vereadores do Rio)

O Palácio Pedro Ernesto foi inaugurado em 1923 para fazer parte de um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos da cidade do Rio de Janeiro, que fica nos arredores da Praça Floriano Peixoto (Cinelândia).

Inaugurado em 1923, o Palácio Pedro Ernesto recebeu o apelido de “Gaiola de Ouro” do historiador Brasil Gérson, devido ao altíssimo custo de sua construção: 23 mil contos de réis. Mais de duas vezes o custo da obra do Theatro Municipal do Rio.

Cinelândia

O nome Cinelândia veio porque a partir dos anos 1920 a região passou a ter as melhores salas de cinema da cidade. Hoje resta apenas o Cine Odeon.

Passeio Público

Localizado no Centro histórico do Rio de Janeiro, entre a Lapa e a Cinelândia, o Passeio Público do Rio de Janeiro é o primeiro parque ajardinado do Brasil, e foi concebido por um dos maiores artistas do período colonial brasileiro: Mestre Valentim da Fonseca e Silva. Construído a partir de 1783, o Passeio Público foi o grande ponto de encontro da população carioca nos séculos XVIII e XIX. Em seu interior podia-se contemplar, além de variadas espécies da flora nacional, obras de arte confeccionadas por Mestre Valentim, como chafarizes, esculturas e pirâmides.

Mestre Valentim desenhou um jardim em estilo francês, totalmente plano, com ruas em linhas retas formando desenhos geométricos de tamanhos diversos.

>> Lapa

Escadaria Selarón

A Escadaria foi feita pelo artista chileno radicado no Brasil, Jorge Selarón que chegou no Rio de Janeiro em 1983 e se apaixonou pela cidade. O local que ele escolheu pra viver ficava no topo de uma escadaria, que conecta dois bairros do Rio, Lapa e Santa Teresa.

Em 1990 ele começou a renovar alguns dos degraus da sua casa. No início ele adicionou azulejos azul, amarelo e verde (cores da nossa bandeira) e posteriormente, o vermelho, da bandeira chilena. Conforme o trabalho de Selarón tornou-se mais famoso, ele começou a receber azulejos de presente de viajantes vindos do mundo inteiro.

A atração está famosa e atrai uma multidão de turistas. Então se você quiser uma foto da escadaria vazia, terá que madrugar.

Arcos da Lapa

Os Arcos da Lapa foram construídos entre os anos de 1723 e 1744 com o objetivo de levar água do Rio Carioca até uma fonte no Largo da Carioca. De lá, a água era distribuída para outra fonte na Praça XV, onde navios chegavam.

Já no meio do século XIX, a rede de abastecimento de água da cidade avançou e não havia mais utilidade para o aqueduto. Em 1896, os Arcos da Lapa se conectam ao sistema público de bondinhos, se tornando o principal meio de transporte entre o Centro e Santa Teresa.

Composto por 42 arcos de estilo romano, os Arcos da Lapa são a maior e mais importante construção colonial do Brasil (e do Rio de Janeiro)! Como a maior parte das construções da época, também foram construídos por escravos indígenas e africanos.

Prédios Petrobrás e BNDES

Inaugurado em 1974, o prédio da Petrobrás é uma estrutura moderna formada por cubos separados geometricamente por espaços vazios, onde estão os chamados “jardins suspensos”. Esses jardins foram projetados pelo consagrado paisagista Roberto Burle Marx.

Da mesma época é o prédio do BNDES. Seu acesso é feito por um jardim, de Burle Marx, que guarda uma praça interna com chafarizes, com visão superior para o edifício e o céu aberto.

Largo da Carioca

O Largo da Carioca foi um dos mais importantes locais da cidade nos tempos coloniais, quando era ocupado por uma lagoa que foi aterrada, para dar lugar àquele espaço.

O Largo da Carioca está cercado de modernos edifícios e construções do período colonial, como o Convento de Santo Antonio.

Igreja da Candelária

No início do século 17, uma tempestade quase teria provocado o naufrágio de um navio espanhol chamado Candelária, onde estava o casal Antônio Martins Palma e Leonor Gonçalves, que teria feito uma promessa de construir uma igreja dedicada à Nossa Senhora da Candelária caso escapasse com vida. Cumprindo a promessa, na chegada ao Rio de Janeiro, por volta de 1609, cuidaram de construir uma pequena capela no local onde atualmente fica a igreja.

A fachada está voltada para a Baía da Guanabara, principal via de entrada da cidade na época da sua construção. No século 19, o projeto da igreja foi ampliado a atual configuração com três naves, mantendo a fachada original. A cúpula da Igreja da Candelária foi por muito tempo a mais alta construção da cidade.

CCBB

O Centro Cultural do Banco do Brasil recebe atrações culturais, como exposições temporárias e sedia também o Museu do Banco do Brasil.

Localizado em um prédio histórico, onde sediava a antiga sede do Banco do Brasil, seu interior é de tirar o fôlego. Uma imensa clarabóia na abóboda principal, inunda de claridade o saguão principal. Preste atenção nas sancas (a quina do teto com a parede), lustres, pisos e acabamentos das pilastras que compõem o saguão de entrada e os outros andares.

Encerramos nosso tour com um almoço no restaurante Sobrado da Cidade, que fica em um lindo casarão preservado, localizado em uma ruela estreita que lembra os velhos tempos da cidade.

O interior é lindo e a comida ótima.